Recebemos uma convidada da sobinfluencia edições! Lemos um texto que abre o primeiro volume do periódico deles, o Cardume, e trocamos uma ideia sobre o que é encontrar companhia dentro da esquerda, quando somos dissidentes das instituições.
Ai Ferri Corti “o confronto inevitável com o existente, seus defensores e seus falsos críticos” , texto anônimo italiano do final da década de 90;
“Up Against The Wall, Motherfucker!” (UAW/MF), uma “gangue de rua com análise” desenvolvida no final dos anos 60 em Nova Iorque que agiam pela política radical e produziam ações diretas, panfletos, pôsteres, espontânea e autonomamente;
“Armed Love”, expressão criada em um dos panfletos e pensamentos dos “Motherfuckers” – “To live, one must love. To love, one must survive. To survive, one must fight!”;
“Appel”, texto radical francês de 2003;
“Jóquei”, Matilde Campilho, escritora portuguesa nascida em 1982
Ficha Técnica
Capa: Felipe Franco
Edição: Pedro Lucas Spengler
Mailing: Adriana Vasconcellos
Revisão: Erika Rodrigues
Ass. Produção: Bru Almeida
Mixagem e Masterização: Rafael Lauro
Sinto muito no meu corpo a tristeza de ter sido “socializada”, de modo a ter uma relação com o mundo, com a vida e com o conhecimento totalmente compartimentalizada, hierarquizada, a partir de posições hegemônicas, que excluiam a importância dos afetos, da sensibilidade, da arte, dos encontros, da partilha.
A minha perspectiva de escolarização, mesmo na faculdade é de uma formação pouco participativa e criativa, com pouco espaço para a imaginação e experiências significativas. Uma escolarização permeada por afetos tristes, digamos assim. Fico pensando que passei tanto tempo na escola e isso me incomoda…por outro lado, os encontros significativos foram ocorrendo, quase que sem querer, através de amizades, brincadeiras, pelo envolvimento afetivo que desenvolvia com pessoas e situações que me mostravam coisas sobre a vida, ensinavam, permitiam que continuasse. Mas o que sinto é que é muito difícil sair de uma lógica na qual estamos inseridas desde muito cedo. Eu sinto como se estivesse medindo forças comigo mesma, com o que também sou , com tudo ou quase tudo que me é familiar.
Essa perspectiva que vocês colocam, de uma relação com o conhecimento, com as experiências, que não se permite categorizar, nomear, hierarquizar, enquadrar, que valoriza a imaginação, as experiências como um acontecimento, a possibilidade de estarmos em relação sem um a priori tão delimitado, sem essa necessidade que observamos por enquadrar é de fato uma resistência e tanto! É tão fácil enquadrar, cercear, oprimir pensamentos e pessoas. Penso que tem a ver com o medo e com a busca de uma pseu-segurança.
Sou psicóloga também e trabalhei na Assistência Social antes de optar por passar alguns anos cuidando das minhas filhas. Lembro-me o quanto era difícil em nossas reuniões, encontros, planejamento sairmos da lógica da compartimentalização dos saberes e consequentemente das ações. De repente alguém falava que visita domiciliar não era coisa de psicóloga ou que conversar sobre sentimentos não era tarefa da Assistente social. O educador não podia tratar das especificidades dessas áreas e de preferência a ideia era de ficarmos cada um em sua sala. Eu me sentia muito incomodada, pensava que o fato de eu ser psicóloga e estar at
uando ali como psicóloga não me resumia, não poderia resumir ou enquadrar a minha experiência com aquelas pessoas com as quais me deparava.
…paz, liberdade e felicidade: frutos da alegria interna e eterna que se está sentindo a cada instante, também, eterno, simples assim…
Sinto muito no meu corpo a tristeza de ter sido “socializada”, de modo a ter uma relação com o mundo, com a vida e com o conhecimento totalmente compartimentalizada, hierarquizada, a partir de posições hegemônicas, que excluiam a importância dos afetos, da sensibilidade, da arte, dos encontros, da partilha.
A minha perspectiva de escolarização, mesmo na faculdade é de uma formação pouco participativa e criativa, com pouco espaço para a imaginação e experiências significativas. Uma escolarização permeada por afetos tristes, digamos assim. Fico pensando que passei tanto tempo na escola e isso me incomoda…por outro lado, os encontros significativos foram ocorrendo, quase que sem querer, através de amizades, brincadeiras, pelo envolvimento afetivo que desenvolvia com pessoas e situações que me mostravam coisas sobre a vida, ensinavam, permitiam que continuasse. Mas o que sinto é que é muito difícil sair de uma lógica na qual estamos inseridas desde muito cedo. Eu sinto como se estivesse medindo forças comigo mesma, com o que também sou , com tudo ou quase tudo que me é familiar.
Essa perspectiva que vocês colocam, de uma relação com o conhecimento, com as experiências, que não se permite categorizar, nomear, hierarquizar, enquadrar, que valoriza a imaginação, as experiências como um acontecimento, a possibilidade de estarmos em relação sem um a priori tão delimitado, sem essa necessidade que observamos por enquadrar é de fato uma resistência e tanto! É tão fácil enquadrar, cercear, oprimir pensamentos e pessoas. Penso que tem a ver com o medo e com a busca de uma pseu-segurança.
Sou psicóloga também e trabalhei na Assistência Social antes de optar por passar alguns anos cuidando das minhas filhas. Lembro-me o quanto era difícil em nossas reuniões, encontros, planejamento sairmos da lógica da compartimentalização dos saberes e consequentemente das ações. De repente alguém falava que visita domiciliar não era coisa de psicóloga ou que conversar sobre sentimentos não era tarefa da Assistente social. O educador não podia tratar das especificidades dessas áreas e de preferência a ideia era de ficarmos cada um em sua sala. Eu me sentia muito incomodada, pensava que o fato de eu ser psicóloga e estar at
uando ali como psicóloga não me resumia, não poderia resumir ou enquadrar a minha experiência com aquelas pessoas com as quais me deparava.