Descrição
De tudo aquilo que a sabedoria nos proporciona para a felicidade de toda a nossa vida, de longe o mais importante é a posse da amizade”
– Epicuro, Sentenças Vaticanas, 13
Epicuro de Samos (341-270 a.C) fundamentou sua filosofia em uma ideia muito simples: “o prazer é o princípio e o fim de uma vida bem-aventurada”. Entretanto, para compreender esta pequena ideia ao ponto de torná-la uma maneira de viver, ele precisou mover uma série de reflexões sobre a natureza para enfrentar os medos causados pela má compreensão dela.
Acreditando não ser possível cultivar prazeres constantes sem o conhecimento adequado da natureza, Epicuro enfrentou as superstições que guiavam as opiniões relativas aos deuses, à alma e à cidade. Tal radicalidade nunca foi tolerada pelos seus opositores, o que, principalmente a partir da inflexão judaico-cristã, levou tais ideias ao esquecimento.
Ao menos até o renascimento, o epicurismo foi marcado como uma escola de libertinos e egoístas que, como porcos, pensavam apenas em maximizar os seus prazeres imundos. O objetivo deste curso é apresentar os principais temas da filosofia epicurista para mostrar o quão errônea é essa imagem e como os conceitos fundamentais de Epicuro são direcionados a uma vida de prazeres simples e comunitários.
Dada a escassez de fontes diretas de Epicuro, vamos recorrer também a outros epicuristas e, principalmente, a Tito Lucrécio Caro (I A.C), poeta e filósofo romano que escreveu a maior obra didática sobre o epicurismo, restituída no século XV e grande influência dos pensadores renascentistas e modernos, de Giordano Bruno a Freud, de Botticelli a Darwin.
Plano de Aulas
Nosso percurso começa com uma breve história do helenismo, passando pelas principais escolas filosóficas nascidas nessa época: o estoicismo de Zenão de Cítio; o ceticismo de Pirro de Élis; e o epicurismo de Epicuro de Samos.
Em seguida, faremos em três aulas um sobrevôo pelo epicurismo na divisão proposta por Diógenes de Laércio. Começaremos pela canônica, nome que se dá às reflexões de Epicuro sobre o conhecimento; passando em seguida para a física e as questões sobre a natureza; e, por fim, à ética e à sabedoria.
No quinto encontro, propomos uma leitura coletiva de um dos textos mais importantes de Epicuro, a Carta a Meneceu, onde ele expõe o fundamental das ideias sobre a felicidade. Leremos também o início do livro II do Sobre a Natureza de Lucrécio, onde o mesmo tece um elogio da filosofia.
Aproveitando o ensejo da leitura de Lucrécio, falaremos no sexto encontro sobre o De rerum Natura, tentando enxergar como o texto pode ser considerado, por exemplo, a aurora da física moderna por Michel Serres, e uma das maiores denúncias da superstição por Gilles Deleuze.
Para encerrar, falaremos sobre um dos conceitos mais importantes da filosofia de Epicuro: a amizade, não apenas como qualificação da relação ética, mas também como postura possível em relação ao conhecimento.
Bibliografia
Planejamos um curso introdutório e listamos abaixo as obras consultadas no preparo. Sabendo que é inviável ao aluno ler a bibliografia toda ao longo do curso, destacamos em negrito os livros recomendados à leitura ao longo do curso:
Obras dos autores
EPICURO, Cartas e Máximas, Ed. Penguin Companhia
EPICURO, Sentenças Vaticanas, Edições Loyola
EPICURO, Carta sobre a Felicidade, Ed. Unesp
LUCRÉCIO, Sobre a Natureza, Ed. Autêntica
Introduções
CHAUI, “Epicuro e o Jardim” e “Lucrécio: o epicurismo liberador” em: Introdução à História da Filosofia, Volume 2, Ed. Companhia das Letras
SPINELLI, Os Caminhos de Epicuro, Edições Loyola
Aprofundamento
DELEUZE, “Lucrécio e o Simulacro” em: Lógica do Sentido, Ed. Perspectiva
SERRES, O Nascimento da Física no Texto de Lucrécio, Ed. Unesp
GREENBLATT, A Virada: o Nascimento do Mundo Moderno, Ed. Companhia das Letras
GIGANDET E MOREL, Ler Epicuro e os Epicuristas, Edições Loyola
Dúvidas Frequentes
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