Não cabe a nós enumerar “as sem-razões do amor“, mas sim encontrar um ética da doçura. Amamos por amar, deste jeito mesmo, em estado de graça. este é um dos poucos casos onde é mais importante viver do que entender. Somos amantes, amadores iluminados. Engraçado, nos chamam de inadequados, mas nós apenas amamos por amar. Nosso “amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse“. Por tédio, queimamos dicionários e regulamentos, para encontrar o que se conjuga em um só momento em nós e no outro. Chega de amores gris, em nossa busca regamos flores em terras inférteis, queremos viver para ver as primeiras mudas crescerem.
Afinal, o que poderíamos “senão, entre criaturas, amar? Amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? Sempre, e até de olhos vidrados, amar?“. Hinos serão cantados, não para sua parente distante, a morte, mas para aqueles que venceram o horror, o medo, o desamparo; porque, “por mais que o matem (e matam)“, cada instante de amor é sagrado, infinitamente sagrado. E por isso queremos ampliar instantes, estender momentos, fazê-los perdurar, retornar, repetir sua potência, ampliar sua diferença.