Uma maldita pedra no meio do caminho. Ela tinha que estar logo ali, no meio, na passagem, na contramão. Ela bem que merece ser lançada longe.
Esse é o problema das pedras; elas só servem para fazer tropeçar. Ninguém nunca caiu sozinho: é culpa das pedras.
Vai ver que fazer tropeçar é a tendência natural das pedras, não há como recuperá-las dessa inclinação maligna. Há como que um pacto entre elas e o chão, eles nos querem trouxas, trôpegos como bêbados, trilhando um caminho de desvios por entre suas ameaças, travando uma batalha entre quedas, uma travessia por um campo minado, o eterno-retorno da decepção!
Devíamos ser mais sensatos e extinguir as pedras desse mundo: há de se proteger os bons de toda essa desventura. Deve haver um mundo onde as pedras não derrubem ou onde elas ao menos não habitem os meios dos caminhos alheios. Mas não. Estamos todos fadados à perturbação, ao encontrão, ao tropicão!
Este mundo em que as pedras fazem cair não merece apreço. Malditas criaturas vis!
Frederico perguntou: “Quem lhe prometeu conforto?”
Não entendi exatamente.
A pergunta é para mim ou para alguém que possivelmente se encaixe na figura do amaldiçoador?
Amaldiçoadores e amaldiçoados, sejam todos questionados!
PS: Gostei do seu texto se é isso que deseja saber.