Descrição
O maior dos pesos – E se um dia, ou uma noite, um demônio lhe aparecesse furtivamente em sua mais desolada solidão e dissesse…”
– Nietzsche, Gaia Ciência, §341
“O maior dos pesos – E se um dia, ou uma noite, um demônio lhe aparecesse furtivamente em sua mais desolada solidão e dissesse…” – Nietzsche, Gaia Ciência, §341
“Você viveria sua vida mais uma vez e outra, e assim eternamente?” Este é o desafio que Nietzsche faz ao criar o conceito de Eterno Retorno, um dos mais importantes de sua obra. O curso abordará todas as bases para o desenvolvimento deste conceito e as suas profundas consequências no âmbito ético-existenciais.
A ideia de um Eterno Retorno Cíclico de todas as coisas não é nova e com certeza não foi inventada por Nietzsche. Muito pelo contrário, desde os tempos mais antigos os mitos já preconizavam o contínuo retorno e a renovação de todas as coisas, desde o oriente, com os mitos hindus, até os fundamentos filosóficos do ocidente com os pré-socráticos. Nietzsche então, como bom filósofo, apenas se apropria destas ideias para fazer algo novo com elas.
Qual é a grande inovação do filósofo alemão? Em sua época a física estava estudando o conceito de entropia e calor das máquinas à vapor e estas ideias eram aplicadas ao universo como um todo, que poderia ter um fim gelado ou um retorno cíclico. Tudo isso influenciou Nietzsche pois este começou a se questionar quais seriam as consequências para um mundo que se renovasse sempre e exatamente da mesma maneira.
Foi então que Nietzsche percebeu as profundas implicações destes pensamentos: um universo que retornasse ciclicamente não teria a menor necessidade de um Deus legislador e orientador. Eis o grande trunfo do Eterno Retorno, ele substitui a necessidade de Deus. Por isso ele aparece no aforismo §341 de seu livro Gaia Ciência, de 1883, intitulado como “o maior dos pesos”. Lá Nietzsche desenvolve a hipótese do Eterno Retorno como um desafio ético a ser levado a termo depois da morte de deus, ou seja, depois da desvalorização de todos os valores, também um aforismo importante (§125) do mesmo livro. Isso quer dizer que a hipótese de um Eterno Retorno de todas as coisas não é uma afirmação científica, é muito mais uma aposta ética e filosófica, um desafio e um exame dos valores que constituem esta vida que vivemos.
A partir de então, Nietzsche passará todo o resto de sua vida tentando dar boa forma ao pensamento do Eterno Retorno, e lutando para incorporá-lo como um modo possível, apesar de difícil, de transvalorar os valores vigentes em nossa sociedade marcada pelo pensamento escatológico judaico-cristão. O objetivo é fazer deste conceito uma bênção e não uma maldição, como a muitos parece. Em Assim Falou Zaratustra o problema é deslocado para o personagem conceitual mais importante de Nietzsche, que se prontifica a levar em seus ombros este desafio e tenta dar conta dele. Zaratustra vive uma série de desventuras tentando pensar o que seria aplicar este pensamento até as suas últimas consequências.
É apenas no fim da vida, em 1888, último ano lúcido do filósofo, que Nietzsche se torna capaz de afirmar pessoalmente o conceito de Eterno Retorno em sua plenitude. Isso se dá com um outro conceito importante que também se transforma ao longo de seus escritos. No começo, a ideia de Amor Fati, amor ao destino, era colocado com um desejo no futuro. Ao longo dos anos, trabalhando em si mesmo suas ideias e usando a si mesmo como experimento de sua filosofia, Nietzsche recoloca o conceito de Amor Fati como algo presente e realizado, mostrando que teria se tornado capaz de afirmar o Eterno Retorno do mesmo de forma plena e alegre.
Este curso tem como objetivo mostrar as profundas implicações dos conceitos filosóficos de Nietzsche em sua própria vida e nas nossas, mostrando como as ideias podem transformar nossas existências completamente se nós levá-las a sério como merecem ser levadas.
Bibliografia
- Gaia Ciência – Friedrich Nietzsche, ed. Cia das Letras
- Assim Falou Zaratustra – Nietzsche, ed. Cia das Letras
- Ecce Homo – Nietzsche, ed. Cia das Letras
- Nietzsche, do Eterno Retorno do Mesmo à Tranvaloração de Todos os Valores – Luiz Rubira, ed. Discurso Editoria
- Zaratustra, Tragédia Nietzschiana – Roberto Machado, ed. Zahar
- Nietzsche à luz dos Antigos – João Evangelista Tude de Melo Neto, ed. Unifesp
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