A Obra
Arthur Schopenhauer está na lista dos últimos grandes filósofos que arquitetaram um grande pensamento na forma de sistema. Com toda certeza, “O Mundo como Vontade e como Representação” é a obra mais completa e ambiciosa do pensador alemão. Tão importante que todos os seus outros escritos, dizia o filósofo, são notas de rodapé deste livro. Foi publicado em 1819, quando Schopenhauer tinha apenas 26 anos. Posteriormente, após ter atingido o sucesso, o pensador escreveu um segundo tomo, esclarecendo dúvidas, ampliando assuntos e retornando aos principais temas.
A alegria que se sente com um sistema metafísico, a satisfação proporcionada pela organização espiritual do mundo, numa construção de pensamento logicamente fechada, que repousa em si mesma, é sempre um tipo de satisfação estética fora do comum”
– Thomas Mann, Pensadores Modernos
O Pessimista
O pessimismo de Schopenhauer é uma importante característica, de fato, sua filosofia nasce em meio a uma Europa destroçada por guerras napoleônicas, pobreza e sofrimento. Sem dúvida, o mundo não é para amadores. Sobretudo, o filósofo procura, através da filosofia, encontrar as respostas mais profundas, como maneira de encontrar alívio para as dores do mundo. Mas tudo isso sem ceder às tentações do otimismo da razão iluminista: Liberdade, Finalidade, Alma, Deus, etc. Não, Schopenhauer dá passos em outra direção, a filosofia atravessa aqui seu momento mais difícil, mais escuro, mais assustador, a descoberta da Vontade. Depois deste conceito, o caminho se tornará sombrio.
Por consequência, outra característica importante é a completa irracionalidade do mundo, que não se encaminha para um lugar nem melhor nem pior, apenas se modifica devorando e consumindo a si mesmo. É com Schopenhauer que a Razão recebe seu último golpe, de tal forma que não se levantará tão cedo depois disso. Com isso, o homem perde sua proteção e se encontra nu em um mundo indiferente e até mesmo cruel. Schopenhauer usa a Razão para mostrar a irracionalidade do mundo, mar de forças que nos engole. Somos seus marionetes, pouco podemos fazer além de seguir com toda a prudência e procurar abrigo sempre que possível.
O Mundo como Vontade e como Representação
Acima de tudo, Schopenhauer pretende desvendar o enigma do mundo, encontrar a resposta para todas as perguntas. Para isso, o filósofo traça um caminho: parte do Conhecimento como Representação e chega até uma uma Ética da Vontade. Sua obra principal, “O Mundo como Vontade e como Representação”, está dividido em quatro tomos: