O sábio é o resultado final de toda a filosofia estoica. Ele, e apenas ele, é conduzido pela razão, e por isso aprende a viver em harmonia com a natureza. Ele, e apenas ele, encontra a serenidade, aceitando do destino tudo que lhe é reservado.
Qual o objetivo da filosofia estoica? Compreender o funcionamento da natureza e do mundo, para conseguir eliminar as paixões e encontrar a virtude. Este movimento não nos afasta do mundo, como poderíamos imaginar, mas pelo contrário, nos faz mergulhar ainda mais profundamente na superfície de sua vida e seu tempo. Desta maneira, podemos dizer que o Sábio é aquele que compreende no tempo e no espaço, não fora dele. Ele dá seu assentimento ao mundo e portanto sabe viver melhor nele.
Tudo começa com a dominação da física estoica, onde aprendemos que todos os acontecimento estão ligados uns aos outros, concatenados, interligados. Assim podemos aprender a viver em harmonia com a natureza à nossa volta. Ora, isso é óbvio, mas apenas o sábio estoico foi verdadeiramente bem sucedido a, através da razão, entrar em ressonância com o mundo à sua volta.
Com a formação da ciência da física o ser humano tornar-se cada vez mais sábio, pois passa a pensar e agir em conformidade com a maneira que a natureza age e pensa. Desenvolvendo toda uma lógica para isso, ele não se engana tão facilmente, pois sabe que a maneira da natureza funcionar deve ser a nossa. Compreendemos a própria maneira de Deus pensar, que se manifesta na própria maneira do mundo se manifestar.
Tudo pode ser resumido na fórmula: o Sábio aprendeu a viver segundo a natureza, segundo a razão, segundo os desígnios de Deus, de acordo com os acontecimentos. Apenas assim ele aprende a agir! Sua ação torna-se ética pois está mergulhada na virtude! Ele não é mais um objeto no mundo, servil, passivo, ele tornou-se parte da vida do próprio mundo, nada o pega de surpresa, porque ele está preparado para os acontecimentos, as mudanças, a imanência.
Isso permite ao sábio viver isento de paixões, seguro de si, sincero com os outros. O sábio desconhece a dor, o medo, os desejos irracionais e os prazeres excessivos. Ele não se isola, aprende a se misturar, não foge, aprende a enfrentar. Não mais com uma prudência insegura, mas com uma segurança benevolente e satisfeita.
Enfim, podemos dizer que tudo no sábio depende apenas dele. E ele valoriza apenas isso, o que está em seu poder. Isso confere constância no seu conhecimento, coerência às suas atitudes, conveniência nas relações. E ele trabalha continuamente sobre si próprio, para ser afetado pelo mundo de maneira diferente dos outros.
Algumas virtudes fazem parte de seu modo de viver: a prudência, para saber dizer o que convém e o que não convém; a moderação: pois nunca vai além de sua própria natureza; a justiça, ele sabe dizer o que pertence a cada um; e a coragem, ele está à altura dos acontecimentos, porque se preparou, porque tem controle de si.
Ora, a conclusão é simples: para quem possui virtude, nada falta para ser feliz! Desta maneira, o sábio possui algo que ninguém pode tirar.
Os estoicos advertiam: poucos conquistaram tal patamar, Sócrates, Diógenes, Zenão, talvez. Mas aconselhavam: cabe a nós aproximar-se o máximo possível destas figuras ideias, elas podem nos orientar quando estamos perdidos. Até chegar lá, somos insensatos e escravos. Até lá, estaremos sempre correndo o risco de agir contra nossa natureza.
Buscar uma lógica dos acontecimentos, encontrar a relação de simpatia entre o mundo, Deus e o homem. Analisar com calma e clareza nossa natureza tendências e nossas paixões. Ter coragem de fazer o que depende de nós e serenidade de aceitar o que não depende. Eis o caminho do sábio.
Rafael não interpretei bem a inserção da palavra “ressonância” no texto: “entrar em ressonância com o mundo à sua volta.” Me parece ser contraditória.