Diógenes era filho de um banqueiro, talvez um cabista, enfim, alguém que manipulava dinheiro. Há várias versões para a história, mas todas elas envolvem Hicésio, falsificando moedas e sendo descoberto. Diógenes é expulso de Sínope ou foge para não sofrer consequências piores.
Quando Diógenes vai ao oráculo de Delfos, escuta o seguinte conselho: “Parakhárattein tò nómisma“. A tradução do grego pode ser: “modifica o valor da moeda”, ou também, altera, descaracteriza a efígie. A vida e a filosofia cínica giram em torno deste tema. Nomisma significa moeda, mas Nomos significa lei. Ou seja, o conselho do oráculo de Delfos pode ser traduzido também por uma nova relação com a Lei, costumes, instituições, valores aceitos. Diógenes faz de seu modo de vida um desafio às normas vigentes. Mudar a efígie da moeda (quebrar com os valores antigos) para retomar seu valor (transvaloração).
O conselho do oráculo de Delfos aproxima Diógenes de Sócrates. Enquanto o primeiro foi foi reconhecido como o mais sábio dos gregos e aconselhado a “conhecer a si mesmo”, seguindo uma lógica da identidade; Diógenes foi aconselhado a mudar os valores, seguindo uma lógica da alteridade e da potência. Enquanto Sócrates buscava a si mesmo como um objeto de conhecimento, Diógenes buscava cuidar de si mesmo. O cuidado de si como única possibilidade para cuidado dos outros.
Sendo assim, seguiu para Atenas com a missão de inverter os valores vigentes, mostrar aos atenienses que a vida que levavam era falsa e sem valor. Foi assim que Diógenes conheceu Platão. O filósofo da Academia foi contemporâneo do filósofo cão. Não há registros históricos de seus encontros, mas mesmo como anedotas, o encontro entre Diógenes e Platão tem enorme importância filosófica. Assim Platão preconizava o caminho que a vida deve tomar para alcançar a verdade: