É chamado de espírito livre aquele que pensa de modo diverso do que se esperaria com base em sua procedência, seu meio, sua posição e função, ou com base nas opiniões que predominam em seu tempo. Ele é a exceção, os espíritos cativos são a regra”
– Nietzsche, Humano Demasiado Humano, §225
Já vimos por acaso Espíritos Livres?
Eles andam ao nosso lado e talvez nem saibamos. A distinção é a marca que carregam: não são escravos de seu tempo nem e das pequenas ideias. Como libertaram-se? Bom, se nós pensamos em termos morais, de certo e errado, um Espírito Livre seria aquele que aprendeu a pensar por si mesmo. Foi isso que Nietzsche pensou, uma outra possibilidade, um crescimento pela potência da afirmação de si, para além do bem e do mal.
Os Primeiros Passos
A ciência e o ceticismo dão conta dos primeiros passos que o Espírito Livre dá em direção a si mesmo. A ciência é aqui um meio de questionar os valores metafísicos estabelecidos, um modo rigoroso de testar e tencionar os valores. Sua precisão mede qual a força destes valores e para quê eles nos servem. Poucos valores conseguem resistir ao escrutínio do questionamento… por isso, a cada passo, o Espírito Livre se torna cada vez mais cético, esta é sua maneira de impedir que novas transcendências cresçam dentro de si.
Quem alcançou em alguma medida a liberdade da razão, não pode se sentir mais que um andarilho sobre a Terra — e não um viajante que se dirige a uma meta final: pois esta não existe. Mas ele observará e terá olhos abertos para tudo quanto realmente sucede no mundo; por isso não pode atrelar o coração com muita firmeza a nada em particular; nele deve existir algo de errante, que tenha alegria na mudança e na passagem”
– Nietzsche, Humano, Demasiado Humano, §638