A Esquerda morreu?
Para início de conversa, é comum ouvirmos que o pensamento de esquerda acabou! Mas desde quando? Será que foi com a Comuna de Paris ou com a queda do muro de Berlim? Talvez provavelmente com a desagregação da União Soviética… Mas alguns dizem que foi antes! Enquanto outros afirmam que ela agoniza em seus últimos suspiros democráticos. Levando isso em conta, será então que a divisão político-partidária esquerda/direita ainda faz sentido? Seja como for, sabemos que todas estas perguntas são relevantes para nosso contexto político atual. E este é o momento propício para pensarmos: O que estamos fazendo? O que somos e o que queremos?
Enquanto isso, muitos agem precipitadamente, movidos pela angústia, gritando: “Vamos! É hora de reagir!“, apenas para não precisar encarar seu próprio pensamento. Contudo, nós alertamos: a atividade não acompanhada de reflexão e de crítica é, na realidade, uma ação efêmera acompanhada por um pensamento fraco. E nós não queremos ações e pensamentos frágeis.
Vladimir Safatle
Professor de Filosofia da USP, nascido em meio à ditadura chilena, Vladimir Safatle é um dos grandes intelectuais da Esquerda. Escreveu “A Esquerda que não teme dizer seu nome” (Compre Aqui). Sem dúvida, ele encarna como poucos a ideia de que pensar melhor é agir melhor (o bom pensamento não imobiliza!). A práxis exige meditação profunda, e apenas ela é verdadeiramente efetiva.
Objetivo
Sendo assim, utilizaremos a produção intelectual de Safatle com o intuito de estabelecer quais são as posições que podem caracterizar o pensamento de Esquerda de modo claro e inequívoco. Afinal, o que a esquerda quer? Em outras palavras, o que é para ela inegociável? E principalmente, como encontrar as suas proposições radicais?
Colocar novamente esta questão simples: para uma perspectiva de esquerda, quais são os verdadeiros problemas?”
– Vladimir Safatle, A Esquerda Que Não Teme Dizer Seu Nome, p. 19