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Duração

Intuição e Falsos Problemas

Bergson - duração

– Imagens de Fabian Oefner

Os conceitos de Bergson foram criados sobretudo para pensar o movimento. De fato, os filósofos esqueceram que não existe mundo das ideias, se confundiram, trocaram as bolas. Ficaram olhando para a quintessência da imobilidade e como resultado caíram em crateras conceituais. Deu no que deu… mas agora, para consertar o erro, é preciso dar alguns passos para trás e repensar os problemas, colocá-los novamente. Apenas desta maneira, refazendo as perguntas, repensando o método, podemos encontrar boas respostas.

O tecido da realidade

Bergson filosofa como se fosse um alfaiate: ele corta o tecido e costura para que os conceitos não fiquem largos nem apertados demais e permitam o movimento. Bergson filosofa como se fosse um cozinheiro, cortando seus ingredientes com cuidado, para não misturar algumas partes com outras. Mas afinal, qual seria o seu tempero especial? Sem dúvida: a duração.

Uma filosofia que vê na duração o próprio tecido de que a realidade é feita”

– Bergson, A Evolução Criadora, p. 191

Para sair do buraco em que a filosofia se meteu é preciso, antes de mais nada, recolocar os problemas em termos de duração. Ou seja, reconhecer que por trás da (aparente) imobilidade, existe o movimento. A vida não existiria como ela é sem a duração, mas agimos como se tudo fosse efêmero e passageiro.

Novas perguntas…

Em primeiro lugar, Bergson tem como objetivo denunciar os falsos problemas que a filosofia se colocou ao esquecer do tempo como qualidade. E, porque foram mal formulados, não permitem uma boa resposta. Por exemplo: o problema do verdadeiro/falso, do nada/tudo, da ordem/desordem, do possível/real.

Medimos as misturas com uma unidade que é, ela própria, impura e já misturada”

– Deleuze, Bergsonismo, p. 17

Todas as perguntas vão no sentido de separar mistos que nos confundem para depois reuni-los da maneira correta. Exatamente como um bom cozinheiro que ensina a misturar ingredientes. Mudar a receita para mudar o prato. Veremos como o filósofo recoloca o problema: Se tempo não é espaço, como ele se comporta? Como ele funciona? Como podemos entendê-lo? Precisamos substituir passado e presente por duração.