Este espaço propõe. Sim, simples assim. Partindo do niilismo, mas escolhendo o criar como ato fundamental na postura niilista. Este pequeno texto é justamente para explicar este paradoxo.
No texto introdutório (“Sobre”) nos apropriamos de Bakunin, que interpreta toda destruição como uma forma de criação, para deixar claro que não vemos possibilidade de afirmação em apenas destruir, ou seja, é preciso propor, discutir, construir, criar. É exatamente neste ponto que aparece a perspectiva de afirmação para Nietzsche, criador de Zaratustra.
A percepção de um mundo sem “ideias puras”, valores absolutos, é necessária para que possamos construir nossa individualidade, para que nos apropriemos de nossas escolhas, para que nos tornemos nós mesmos. Fica clara a necessidade de uma volúpia destruidora, de uma percepção niilista do mundo para tornar essa criação o mais genuína possível.
A construção de uma bela individualidade só se torna possível quando o “filósofo do martelo”, aquele que visa à destruição de todos os santos com pés de barro, permite o nascimento do “filósofo artista”, aquele que faz de sua vida uma obra de arte.
Para isso, mais do que destruir, construamos! Não nos apropriemos da destruição, tomando toda pulsão de morte como novo deus! A postura niilista deve durar enquanto valores absolutos continuarem de pé e não mais do que isso. Afirmemos não a inexistência de valores, mas sim a inexistência de valores absolutos, estáticos, conservadores, mórbidos e frígidos.
“Qualquer um que queira fazer da sua vida uma obra de arte, ou pelo menos tenda a isso, se vê condenado e enfraquecido pelo epíteto. Se o projeto do filósofo artista é exigente, elevado – e certamente o é -, o mesmo, é preciso dizer, vale para os destinos visados pelas morais, quaisquer que sejam. Está na natureza de uma ética ser difícil: os ideais que ela propõe estão sempre fora de alcance e só servem como indicadores de direção. Hedonistas, eudemonistas, ascéticas, religiosas, místicas, todas pedem o impossível para obter somente o imaginável. E não se poderia julgar uma ética pelo rigor de seus objetivos. Unicamente pela pertinência destes” – A escultura de si, Michel Onfray p.69
Individualmente, é chegada a hora do movimento criador, da construção de uma ética pertinente para si e para o outro. Hora de eleger uma razão corporal, dinâmica e incerta para daí erigir novas possibilidades de vivência onde ética e estética se entrelacem na afirmação de cada ser enquanto sua própria obra de arte.
” Afirmemos não a inexistência de valores, mas sim a inexistência de valores absolutos, estáticos, conservadores, mórbidos e frígidos” Isso é tão difícil quando nos deparamos com o niilismo….mas, sim, é fundamental! O niilismo como impulso para a superação, mudança e criação! 🙂
Ótimo texto, parabéns! 😉
Valeu! Agradeça aos mestres…